Se você tem fadiga incapacitante, que apareceu inesperadamente, sem causa aparente, que resultou em redução ou perda de sua capacidade ocupacional, educacional, social, ou atividades pessoais, acompanhada por outros sintomas, entre os quais dor muscular, febre baixa, dor de cabeça e mal estar após exercícios, pode ser um caso da síndrome da fadiga crônica. Essa é uma doença caracterizada pela presença de fadiga inexplicável, de duração maior que 6 meses, associado a sintomas como cefaléia (dor de cabeça), dores pelo corpo, dor nas articulações, distúrbio cognitivo (memória), distúrbio do sono, promovendo incrível incapacidade física ao paciente.
Esses critérios foram estabelecidos em 1988 pelo CDC (Center for Disease Control, Atlanta-E.U.A.) e revisados em 1994, e incluem:
– Fadiga intensa que persiste por mais de 6 meses;
– Excluindo-se outras doenças clínicas.
A Síndrome da fadiga crônica é classificada em indivíduos na presença de fadiga intensa de início definido, não aliviada pelo repouso, que resulta em uma redução substancial dos níveis de atividade física e quando presentes quatro ou mais sintomas a seguir:
– Memória e concentração alteradas
– Dor de garganta recorrente
– Linfonodos cervicais e axilares dolorosos
– Dor muscular
– Dor articular
– Cefaléia
– Sono não reparador
– Cansaço após exercícios
Fadiga crônica idiopática (sem causa aparente) é classificada quando a intensidade da fadiga ou os sintomas associados não preencherem critérios para o diagnóstico da Síndrome da fadiga crônica.
A fadiga crônica é uma condição muito comum na população geral. Estudos mostram que a queixa de fadiga como sintoma está presente entre 21 e 38% de indivíduos ocidentais, a prevalência da síndrome da fadiga crônica está em torno de 0,5% da população geral. O sexo feminino é o mais afetado (75%). A fadiga pode aparecer em uma série de doenças, entre elas, anemia, hipotireoidismo, fibromialgia, doenças reumáticas inflamatórias (lupus sistêmico, artrite reumatóide e outras), doenças cardíacas ou pulmonares (por diminuir a taxa de oxigênio), distúrbios metabólicos (déficit de potássio), miastenia gravis, doença de Lyme e doenças virais (hepatite, toxoplasmose,vírus E,B., herpes, HIV e outras).
As causas desta doença ainda não estão suficientemente esclarecidas, porém em alguns casos parece haver relação com quadros infecciosos, tais como infecções virais entre elas influenza, Epstein-Barr, herpes, citomegalovirus, toxoplasma e chalmydia.
Na doença de Lyme, na hepatite viral e na AIDS a fadiga é um sintoma proeminente. Além das causas infecciosas, outras também são implicadas, como os distúrbios do sono, alterações hormonais, e imunológicas. Acredita-se também que a fadiga seja um sintoma presente em doenças neurológicas como a esclerose múltipla, distúrbios do sono, enxaqueca, doenças vasculares e degenerativas.
Não é incomum a doença surgir em períodos em que estão presentes desordens afetivas, como ansiedade e depressão. O exame psicológico e necessário em todos os casos. Mais de 30% dos pacientes fadigados apresentam problemas apenas na esfera psicológica. Por outro lado, a depressão pode acompanhar a síndrome da fadiga crônica desde o seu inicio ou se manifestar em decorrência da fadiga. A Síndrome da fadiga crônica não tem cura, no entanto, se a causa da fadiga for originada de uma situação transitória, a evolução poderá ser boa.
O que oferecemos
Uma história clínica criteriosa é importante e o tratamento se inicia ao diagnóstico. Deve-se excluir doenças de causas endócrinas (hipotireodismo, insuficiência da glândula supra-renal), doenças clínicas (como a anemia, insuficiência cardíaca, doença respiratória crônica infecções). Alimentação balanceada, acompanhamento psicológico (terapia cognitivo-comportamental) e exercícios aeróbicos podem ajudar, e medicamentos como imunomoduladores, magnésio, anti-histamínicos e alimentação adequada completam a estratégia de tratamento.
O prognóstico varia de indivíduo para indivíduo e melhora real ocorre em 15% dos pacientes afetados. Estudos mostram que a queixa de fadiga foi relatada por 80% dos pacientes com enxaqueca crônica (dor de cabeça diária ou quase diária), sendo que 60% dos mesmos preencheram os critérios diagnósticos para a síndrome da fadiga crônica, sendo relacionado também com a presença de depressão e ansiedade. As mulheres apresentaram maior intensidade dos sintomas de fadiga, que se correlacionou com o diagnóstico de fibromialgia.